JERIEL E A BUSCA CONSTANTE PELA COR AMAZÔNIDA
Hélida Coelho*
Curadora
As pinceladas do artista visual amapaense Jeriel Luz oferecem um brilho especial por meio de suas narrativas visuais singulares, construídas por traços, formas e cores que retratam a vida ribeirinha, a cultura da Amazônia ou os modos específicos de ser amapaense.
A “Pop Art Tucuju” 1, de Jeriel fundamenta suas obras na brasilidade regional do estado do Amapá. Em poucas palavras, o artista expõe a força motriz de sua produção poética: “O que me move é a minha poesia pintada, faço arte para existir!”
Jeriel Luz é licenciado pleno em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amapá, mas sua jornada como artista plástico começou desde a sua infância. Suas primeiras produções foram criadas a partir das histórias das populações ribeirinhas contadas pela sua mãe.
Atualmente, o artista possui um ateliê próprio que reúne parte de seus trabalhos e serve como lugar de produção, inspiração para seus estudos e criações. O artista aventura-se por várias técnicas, além de ser um excelente desenhista, ilustrador, muralista e gravurista. Sua habilidade e paixão pelas tintas, seja tinta óleo ou acrílica sobre tela, qualificam a beleza de suas obras.
O professor artista Jeriel tem sua obra apresentada em circuitos artísticos nacionais como no estado do Rio de Janeiro e internacional com exposição no Carrousel du Louvre em Paris; e Lisboa, em Portugal, que possibilita ao “olhar” estrangeiro adentrar em cenários, culturas e as paisagens do nortista brasileiro.
Seu repertório visual é formado a partir de estudos acadêmicos, de memórias e imaginativos. Destacam-se nas exposições e obras de Jeriel o cotidiano, as histórias macapaenses, as águas, as paisagens, as danças, as comidas típicas amapaenses, o hemisfério entre vários temas. Vemos, portanto, uma paleta com predominância de tons pastéis que se contrastam com as cores complementares e análogas do círculo cromático criando uma atmosfera alegre e contagiante, suas pinturas pulsam e expressam paixão pelas cores.
Em sua série de pinturas que compõe a Exposição Marabaixo – a essência de um povo, traduz sua busca pela cor amazônida, no qual expressa para além da cor brilhante em suas telas, os modos de ser e fazer de um povo, o ritmo e a esperança cantada em versos “mar acima e mar abaixo”.
Neste sentido, as obras aqui expostas funcionam como uma rede de afetos, sem uma ordem cronológica de espaço ou determinação de tempo. Uma arte que graças a sua riqueza de luz, brilhará constantemente nos corações daquele que conhece a beleza da Amazônia amapaense.
*Doutoranda em Artes visuais - Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC/2021). Mestra em Arte e Cultura Visual - Universidade Federal de Goiás (UFG/2019); Especialização em Metodologia do Ensino de Arte/IBPEX (2005); EAD e Novas Tecnologias/FAEL (2017), Docência em Educação Profissional e Tecnológica/IFAP (2022); Graduada em Educação Artística - Universidade Federal do Amapá (UNIFAP/2003).
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1 Estilo artístico criado por Jeriel, no qual descobriu uma afinidade com o movimento artístico Pop Art (criado em 1950, Reino Unido), que vem de sua identificação sobretudo com as cores e com o figurativo expresso nesse gênero. Porém, o artista fundamentou-se também em outros gêneros como o Cubismo, para o uso das figuras cortadas pelas linhas traçadas; o fauvismo, devido à simplificação das formas; e o Orfismo associado ao mítico. Disponível em https://www.poparttucuju.blogspot.com. Acesso: jan. 2024.