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Há tempos, a madeira é uma das principais questões de tensão da Amazônia! Disputas por terra e exploração madeireira são causas de escândalos, conflitos internos, mudanças climáticas e com isso vidas ceifadas... Vidas dos pássaros, peixes, árvores, vidas dos caboclos, ribeirinhos, indígenas, quilombolas, vidas da gente! Uma "Natureza traída", assim foi denominada a série de entalhes em toras, madeira Seringueira, achadas nas caídas, sob dematação, nas sobras das derrubadas, sobreviventes das queimadas.
O local da coleta do tronco foi o arquipélago do Bailique, Distrito de Macapá, ao perceber a possibilidade de extrair placas de 4 cm de espessuras para produção de entalhes. Ao desbastar as superfícies, em topo, com goivas e formões, Isaías deixa revelar imagens do universo amazônico em baixo relevo, como quem escava a fundo o problema da degradação do meio ambiente. Sem dúvida, é a natureza quem nos dá ar, alimento, moradia, entretanto, nossa resposta de "civilização" é comparada a uma traição pela ganância, poder, lucro sobre a mãe natureza que tudo oferece, contudo e ironicamente, é vítima do jogo de trocas mercadológico.
Brito utiliza das toras, em círculos irregulares, como ideia de moedas de cunhagem rara. O artista estabelece uma relação ao sistema econômico exploratório e de alguma forma devastador, propondo uma metáfora que reivindica atenção, melhorias às condições da floresta, denunciando injustiças diante de uma aparente beleza impecável, porém, devastada e traída. Isaías trabalha com técnica mista, além da tinta óleo e pó de madeira, ele aplica em determinadas peças elementos industrializados como sacas de fibra e redes de pesca, são intervenções vinculadas diretamente às do lixo no ambiente natural.
Ronne Franklim Dias
Curador